Amar-te foi entregar-te uma arma / apontada aos meus demónios / e implorar que disparasses / talvez até que me matasses.
Não sou nada. Tirando isto / tenho em mim todos os sonhos / do mundo / (ah, que eu sou tudo e nada!).
É dia de julgamento. Ciente da delicadeza do caso, desloco-me nervoso até ao tribunal. Faço-me acompanhar do meu advogado, que me garante uma boa probabilidade de condenação.
O primeiro amor atinge-te de repente, faz-te apaixonar pela vida e converte o tempo em sensação, agarrada à estética do beijo e aos silêncios das conversas.
Apareces-me em todo o lado / nas ruas, nos becos, nos sonhos / habitas nas pedras da calçada / e adensas o ar que respiro.
Vejo-te apenas a tempos / Vejo a tempos o teu sorriso / o teu jeito, o paraíso / Iluminas-te apenas a tempos.
Hoje, o governo parece cair / Não sabes que roupa vestir / Bateste com o carro a vir / Não sabes p'ra onde ir.
De nada se pode queixar esta centopeia: com patas precisas e corpo ágil, desloca-se livremente pelo mundo dos esgotos sem compromisso ou responsabilidade.
Sem saber se acedo ou retrocedo, sento-me devagar no comboio ao lado de um homem de barba branca e fato azul.
Não há noite em que não sonho contigo / Sonho que entras pela porta na minha vida / Nesta sala escura, sedenta por uma luz.