Podias tentar desligar-te / Agarra num papel e rasga-o violentamente / Grita. Grita com todas as tuas forças.
O maior erro da humanidade nunca foi a cobiça ou a corrupção. Foi antes ser ignorante quanto ao próprio processo de tomada de decisões, sempre preso a fatores primitivos e incontroláveis.
Por vezes, sinto algo diferente. Algo me atinge suavemente, irrompendo no meu corpo sob a forma de um agradável arrepio, contrariando a minha ideia de mim mesmo.
Um café, faz favor, melhor seria dizer, Uma dose de integração, se não for muito incómodo. A cara de perplexão dos envolvidos seria inevitável.
De pálpebras semicerradas, olhando em esforço a noite instalada entretanto, estou em piloto automático.
Poucas vezes saio de casa a tempo para qualquer tipo de compromisso. Podem acusar-me de desorganização e desmazelo, mas tem tudo a ver com a necessidade de cumprimento de uma inabalável rotina que não cabe no fino intervalo horário entre o toque do despertador e o início oficial de mais um aborrecido dia.
Acordamos objetivos semanais, estou confiante de que agora vou apanhar o comboio para o sucesso. Chego a casa, entra a gata, umas festas, sai a gata, subo as escadas rumo ao meu templo.
O dia está soalheiro / viva a primavera / fabulosos dias grandes / Eles discutem / estou habituado / dizem que é normal.
Na faculdade, quando o professor pedir um trabalho sobre coragem, vou entregar uma folha em branco apenas com o dizer Isto é coragem, Isso não é coragem.
Não obstante a natureza obscura do ser humano, muito do quotidiano quer-se apreciado ao longe. Quando se atinge o sucesso, a culpa é do destino, é uma injustiça.