Não percebes? A pressão que me infliges é avassaladora, dás-me pouco ou nenhum espaço para ser eu, às vezes quero visualizar um futuro e sinto-me engolida numa caixa negra, que só não é negra completamente porque sei que me levará a um aborrecimento tamanho, e como se isto não bastasse, havendo que apostar dinheiro apostaria que apesar de me amarrares com tanta frequência, no dia em que eu precisar de ti, vais estar ocupado a consertar uma coisa qualquer estúpida e em que eu não me incluo, é esta a razão da minha distância, que eu contigo me queira atirar ladeira abaixo ainda que não tenha tido coragem para dizer-to, Onde estás, pareces distante, Não, estou aqui, Sabes o quanto eu gosto de ti, Não tenho dúvidas, Eu roubaria a lua por ti, E tu és o mundo para mim.
Estou nervoso, desatento, é evidente que sim, há demasiada coisa em jogo, eu nunca gostei de mudança, e a dinâmica entre o cansaço e a ansiedade nunca é trivial. A vida não cessa de clivar, desbalancear-se, mas fica a sensação de que nos modera, por desgaste, e nos tempos livres, que não são maiores mas são mais densos, deixa-se apreciar um bocadinho.