Entre os espelhos desloca-se uma mulher prestes a dar com uma porta para o deserto.
No horizonte, onde o azul é definido e o sonho conhece realidade, jaz aquele tragado pela intempérie de ser e, não muito distantes.
Encontrávamo-nos amiúde no Jardim das Virtudes pelo final do dia. Eu escapulia-me do trabalho nunca depois das seis para me perder nos olhos dela tingidos de púrpura-mar ao passo que ela descrevia para mim as horas.
Não há muito o meu pai dizia-me: Filho, não te detenhas nunca em limites, coloca tudo de ti em tudo, mas tem que o mundo é inerentemente injusto.
À medida que ia progredindo da sala para o quarto fui-me apercebendo de que o quarto havia mudado, havia mais quarto no quarto.
Da última vez que verifiquei, eram pouco mais de oito as formigas-gigante que vagueavam pela cidade, fazendo o mesmo percurso do 502.
Hoje, ao jantar pela banca uma taça de cereais, talvez pelo perigo associado a ingerir taças, deixei-a deslizar pelos dedos e cair fulgurosamente na tijoleira fria.
Creio ter ouvido que credes ter uma fundação diferente da minha, o que me parece bacoco, visto que jamais transpareci quaisquer traços de origem extragaláctica.
Passei os olhos na redoma da estrada e que estavas tu a fazer? De mãos na cinta esguia, prostrada na balaustrada de olhos postos em nada.
Se porventura se encontrassem mais quentes as minhas mãos quando mas tocaste sob a mesa escura enquanto resvalava a minha dor por ta contar.