Foi-me pedido que me imobilizasse num lugar conhecido, para que pudesse ser executada uma intervenção extraordinária visando a minha estabilidade a longo termo. Antes disto, abri as asas, recauchutei a minha réplica de realidade empurrando-me para um lado e para o outro, e, chegada a hora da intervenção, dispus-me de braços abertos no lugar acordado. Rapidamente, fizeram de mim carruagem; encostaram-me à direita e instalaram um cabo de aço por baixo do meu corpo mecânico, que, ligado a uma outra carruagem situada à esquerda, ficaria a cargo de me fazer mover em impulsos pendulares, estilo funicular, em direção a ela. Desde então, movimentamo-nos, eu e ela, harmoniosamente, eu para cima e ela para baixo, eu para baixo e ela para cima, e tantas vezes encontramo-nos a meio, onde eu creio que o tempo para, ficamos ali, em silêncio, pousados nos carris, e a ideia de despiste é inacessível.