É hora de jantar, mas tu não vens / Deixas-te ficar no quarto, nessa / Vida condicionada pela teoria.
O que constitui a completa devoção ao outro / O que explica os condicionalismos que infliges / O que posso fazer para que ames um pouco mais.
É assim a vida, mais curta que comprida, porquanto o pouco tempo que temos nos é tomado por afazeres inócuos e inseguranças absurdas.
Está um céu fumado, sem se ver o horizonte / Um frio de cortar. Ninguém. Uma chuva miúda / Estão molhados os bancos, fechadas as farmácias.
A minha paixão pelo comboio vem de pequeno. Com tanto como quatro ou cinco anos, os meus olhos brilhavam no museu da locomotiva ou no denso das linhagens de Campanhã.
Eu cumpro, tu cais, eu pairo / e tu pairas devagar e sorrateira / pelo ar, como que implorando / por algo mais que não tens.
Ao passo que a cama estremece, alguém toca as minhas costas. Tento abrir os olhos, mas não posso. A janela que vejo é uma versão mais preta da minha.
Se pudesses voltar, voltavas, Não é possível voltar ao passado com informações do presente, Tão-pouco é possível voltar ao passado, Certo.
Nesta sala encaixamos convenientemente na cama, de braços abertos. A recolha dos casacos correu bem, excetuando o facto de o meu colega da direita ter tirado o meu casaco.
As pessoas são egoístas, são complicadas, são desnecessárias, são inconsequentes. Propõem alargar o sofrimento às pequenas execuções do dia, e fazem-no de forma prepotente e comiserada.