Vivemos agarrados a premissas, a verdades fundamentais e pessoais que nos seguram nos momentos de maior aperto.
Não posso, não posso acreditar no que me dizes, não faz sentido, quer-me faltar o ar, tenho de sair desta sala o mais rapidamente possível.
E nas antípodas do que profetizo vem o efeito borboleta, a ideia de que vivemos domados pela circunstância, que um pequeno mal-estar pode levar a um caos duradouro.
Há tempos escrevi um texto sobre a morte de uma pessoa, e como fiz com tantos outros textos ou deslumbres, maltratei-o, mas com pouco sucesso.
Amar-te foi entregar-te uma arma / apontada aos meus demónios / e implorar que disparasses.
Não sou nada. Tirando isto / tenho em mim todos os sonhos / do mundo / (ah, que eu sou tudo e nada!).
É dia de julgamento. Ciente da delicadeza do caso, desloco-me nervoso até ao tribunal.
O primeiro amor atinge-te de repente, faz-te apaixonar pela vida e converte o tempo em sensação, agarrada à estética do beijo e aos silêncios das conversas.
Apareces-me em todo o lado / nas ruas, nos becos, nos sonhos / habitas nas pedras da calçada.
Vejo-te apenas a tempos / Vejo a tempos o teu sorriso / o teu jeito, o paraíso / Iluminas-te apenas a tempos.