O fim do mundo

O mundo acabou. Os velhos tropeçaram nas pedras, no mesmo longo e sôfrego fôlego, e morreram no local onde nasceram. As crianças estão famintas, grande parte dos adultos perdeu a capacidade de andar. O céu acordou cinzento e vai caindo em direção aos nossos tísicos corpos.

Alistei-me na fila do mercado com um enlatado na mão. Estávamos ordeiros, empurrando-nos uns aos outros pelo chão neste fim do mundo. Choramos um bocadinho. Pelo que deixamos, pelo que não foi feito, pelo tempo que sabíamos haver tido e não agarramos. Paguei o atum. Cheguei a casa e dormi. Não dormia fazia dois anos. No dia seguinte estava morto e não acordei.