Eu cumpro, tu cais, eu pairo / e tu pairas devagar e sorrateira / pelo ar, como que implorando.
Ao passo que a cama estremece, alguém toca as minhas costas. Tento abrir os olhos, mas não posso.
Se pudesses voltar, voltavas, Não é possível voltar ao passado com informações do presente, Tão-pouco é possível voltar ao passado.
Nesta sala encaixamos convenientemente na cama, de braços abertos. A recolha dos casacos correu bem, excetuando o facto de o meu colega da direita ter tirado o meu casaco.
As pessoas são egoístas, são complicadas, são desnecessárias, são inconsequentes.
No último ano tornei-me um robô programável, e dificilmente sei mais do que fazer, repetir, olhar, desviar, voltar a olhar e esquecer.
Se há que falar de prepotência / chamem-me de todas as formas / Eu disparo rente e focado.
Caminhamos para um estado de alucinação pós-apocalíptico em que não mais sabemos olhar nem tocar.
Viver presumindo que o mundo é fundado em bondade é potencialmente fatal. Sei eu disto nas horas livres em que atravesso as ruas e aceno aos motoristas.
É evidente que uma noite de céu limpo não é ocasião para celebrar a existência. Há por fim clarividência para aceitar a circunstância de que a felicidade é demasiado cara para durar tão pouco.