Hoje não faz sentido repetir a mesma fórmula de há um ano. Não sou o mesmo homem, nem sou confrontado com os mesmos desafios.
O perigo espreita em cada esquina, a cada badalada do relógio. Os granitos estão proibidos, caminhar nas ruas é um desporto radical de fraca visibilidade e rendimento baixo.
De regresso a casa depois de um almoço solitário, posso esperar que te atires, ou simplesmente atirar-te.
Sei-me inútil à sociedade, mas ser ostracizado desta forma em nome de uma profilaxia cega e ofensiva fez disparar os meus alarmes biológicos.
Onde leva a indiscrição / Falta de bom senso / Perda de noção / Cinismo intenso / Se me leva a ti / Bela, desejada.
Se esta é a mais sublime humilhação, quero ser humilhado todos os dias. Dormir aqui e ser esbofetado pela mais nobre das sensações enquanto questiono a que ponto cheguei.
Aos felinos, foram dadas garras para atacar, às aves, bicos para proteger as crias, a nós, a condição de não ter condição alguma e, salvo a ingenuidade do salto argumentativo.
Hoje foi simples, foi elegante, foi perigoso, foi chuvoso, foi perfeito. Explica-te, tu que me conheces por dentro e por fora sem me teres visto ou tocado.
Quando termina este ciclo? Quando o teu corpo se fundir com a noite, o brilho das estrelas não mais cessar e tomar por fim conta dos dias, o xénon dos elétricos refletindo nas fachadas.
Trava, trava, trava, trava!, e ele finalmente mete o pé no pedal com um intensidade que me faz descolar do banco.