Tu e eu somos um baluarte, somos património, somos este pedaço de eternidade que cavalgou por cima da solidão e fez de duas almas não uma perfeita em simbiose mas duas vivas individuais e presentes.
Começo a acreditar, cada vez mais veementemente, que vivemos numa ilusão coletiva. Que o teu verde é diferente do meu, já o sei, porque vês castanho onde eu vejo preto.
Engarrafada no trânsito, porque os políticos são inertes, um artista escorregou num pedaço de óleo, ou uma relíquia decidiu preparar-se para um museu, Mariana tenta viver este momento com normalidade.
My hands are stained with blood / Yours lay as far as they could / I sit alone with this disease / A terse desire to cease.
Carlos chega atrasado, suado, e senta-se de qualquer jeito. Mal me olha nos olhos. Falamos ainda esta semana, se não me falha a memória, há três dias, e vi nele o homem de sempre.
Vivemos agarrados a premissas, a verdades fundamentais e pessoais que nos seguram nos momentos de maior aperto.
E nas antípodas do que profetizo vem o efeito borboleta, a ideia de que vivemos domados pela circunstância, que um pequeno mal-estar pode levar a um caos duradouro.
Há tempos escrevi um texto sobre a morte de uma pessoa, e como fiz com tantos outros textos ou deslumbres, maltratei-o, mas com pouco sucesso, porque ele habita na minha mente.
Não sou nada. Tirando isto / tenho em mim todos os sonhos / do mundo / (ah, que eu sou tudo e nada!).
O primeiro amor atinge-te de repente, faz-te apaixonar pela vida e converte o tempo em sensação, agarrada à estética do beijo e aos silêncios das conversas.