Três da manhã. Toda uma cidade concentrada aguardando a luz verde do semáforo. O chão trepidante, o suor quente escorrendo.
Acordo e sinto um arrepio gelado na espinha. É o começo de mais um aborrecido dia, pleno de deambulações sem sentido, diálogos sobre nada.
Oh, metropolitano. És a minha ponte de contacto com as gentes da cidade, apressadas no seu percurso entre tudo e nada.
Sem nada fazer, aproxima-se a mais doce das personagens, senta-se porque estava o lugar vazio, ou porque o decidiu no momento.
Sou apenas mais um no meio da multidão. Porque não simplesmente desaparecer, colocar termo nesta existência?
Então, como estás / Melhor que nunca / Que escreves / Uma mensagem para a minha miúda.
Lá estavas tu. Eu a cortar a curva, torto, apurando as razões do continuado nervosismo que se havia apoderado dos meus tecidos musculares.
Desde tenra idade, prega-se o culto do dinheiro como chave universal para a felicidade.
promete-me que não te envolves / claro, e procede reclinando / a nuca debruçada no seu ombro.
Surjo. Como uma sombra / Demarco-me de tudo / Percorro a estrada da vida / Com o motor em ponto morto.