Deito-me num qualquer areal / permitindo que a areia me bata / que o piso me manche a roupa / que o sol me turve a visão.
E nas antípodas do que profetizo vem o efeito borboleta, a ideia de que vivemos domados pela circunstância, que um pequeno mal-estar pode levar a um caos duradouro.
Amar-te foi entregar-te uma arma / apontada aos meus demónios / e implorar que disparasses / talvez até que me matasses.
Hoje, o governo parece cair / Não sabes que roupa vestir / Bateste com o carro a vir / Não sabes p'ra onde ir.
Não há noite em que não sonho contigo / Sonho que entras pela porta na minha vida / Nesta sala escura, sedenta por uma luz.
Perguntaram-me porque te amo / Porque ouso navegar no mar / ínfimo e tenebroso que é o outro / sem colete salva-vidas.
Hoje viajei pelo teu mundo / Deambulei pelos teus traços / Descolei por um segundo / Dos meus arredores baços.
Esperei por ti / Esperei por ti louca e desalmadamente / Esperei por ti todos os dias do ano / De tanto esperar perdi-me lentamente.
Quisesse o destino dar-nos uma outra base relacional, capaz de expandir além do eu e fletir os hábitos para além do que havíamos treinado, seríamos porventura um só.
Coloquem-se-me à frente mil motivos / pelos quais não havia como continuar / Eu respondo com o conforto noturno.