Escolhemos o verão para fazer uma pausa nas nossas vidas. Podíamos escolher o inverno e fruir o nevoeiro, o outono e olhar o cinzento do céu, a primavera e desfrutar da frescura multicolor.
Hoje não faz sentido repetir a mesma fórmula de há um ano. Não sou o mesmo homem, nem sou confrontado com os mesmos desafios.
Sei-me inútil à sociedade, mas ser ostracizado desta forma em nome de uma profilaxia cega e ofensiva fez disparar os meus alarmes biológicos.
Aos felinos, foram dadas garras para atacar, às aves, bicos para proteger as crias, a nós, a condição de não ter condição alguma e, salvo a ingenuidade do salto argumentativo.
Quando termina este ciclo? Quando o teu corpo se fundir com a noite, o brilho das estrelas não mais cessar e tomar por fim conta dos dias, o xénon dos elétricos refletindo nas fachadas.
Trava, trava, trava, trava!, e ele finalmente mete o pé no pedal com um intensidade que me faz descolar do banco.
Vou casar contigo. Levo-te para o coração da metrópole, ao final da tarde, chuva caindo, e ajoelho-me.
O ar tenso, silencioso. O vidro embaciado, o fundo preto. Uma rapariga levanta-se e dirige-se para a porta.
E quando se apagar esta chama? Quando deixar de gozar desta aura sazonal, deste encanto versátil mas passageiro?
São os jogos que jogamos / as drogas que tomamos / o tempo que julgamos ganhar / mas depois tende a deslizar.