Corajoso é este rapaz que ergue esta rapariga com os braços e a coloca a voar, e nisto voa também no seu mundo interior com a imagem dela em ponto grande enquanto ela voa por cima de si.
E se nos desfizermos dos dias? Ficarmos só com as noites, com o escuro denso e impecável, com as alucinações que criamos em horário nobre.
My hands are stained with blood / Yours lay as far as they could / I sit alone with this disease.
Disseram-me para comprar maçãs. Urge mudar de vida, dizem, e a melhor forma de o fazer é começar pelos pequenos passos do dia a dia.
Esta rapariga almoça sozinha, mas nós, como equipa grande e respeitável que somos, ocupamos-lhe a mesa por inteiro, ficando esta rodeada por estranhos.
Há um tipo muito específico de tristeza que é absolutamente viciante: infiltra-se nas frinchas das paredes, impregna o ar ambiente e ainda insatisfeita entra pelos pulmões adentro e dificulta a respiração.
Não posso, não posso acreditar no que me dizes, não faz sentido, quer-me faltar o ar, tenho de sair desta sala o mais rapidamente possível.
Há tempos escrevi um texto sobre a morte de uma pessoa, e como fiz com tantos outros textos ou deslumbres, maltratei-o, mas com pouco sucesso.
Amar-te foi entregar-te uma arma / apontada aos meus demónios / e implorar que disparasses.
Apareces-me em todo o lado / nas ruas, nos becos, nos sonhos / habitas nas pedras da calçada.