O Natal (e outros antídotos)

Há um tipo muito específico de tristeza que é absolutamente viciante: infiltra-se nas frinchas das paredes, impregna o ar ambiente e ainda insatisfeita entra pelos pulmões adentro e dificulta a respiração. Provoca tonturas, dores de cabeça, e não dorme, não sabe dormir, é inumana.

Neste jardim, onde outrora saltei criança de lado para lado questionando como e porquê de tudo isto, fico hoje especado. Quando me chamam, porém, sorrio, e os meus olhos iluminam-se. Os doces enfeitam as mesas, a família aparece reunida mais um ano, num cenário tão sereno e mágico que parece saído de uma realidade alternativa. É Natal, pois, e nestes dias as calorias não contam, e a noite desenrola-se exatamente como na minha infância, pelo menos enquanto nenhuma cadeira faltar em torno desta mesa.