Livrete de defeitos

Mentes brilhantes troçam o meu gosto pela bajulação, dizem que qualquer mulher que me queira deve pura e simplesmente elogiar-me ao desbarato, já está, casamento consumado. A verdade é que somos todos assim, vivemos à espera das palmas, choramos silenciosamente enquanto não vemos a nossa triste vida lá em cima, num placard de publicidade brilhante.

Mais um teste para esquecer. Mas não vá eu dizer isto alto, ainda me acusam de convencido, autoproclamado genial, lunático inconsciente. Falo com o professor, pergunto-lhe porquê, não percebo tanto corte, tanto risco vermelho ali em cima.

Usas a tua capacidade contra ti, Mas porquê, Escreves bem mas és muito vago, Como assim, Não respondes ao que eu quero.

Noutra altura ficaria revoltado, desarticular-me-ia por completo, mas agora simplesmente ouço. Não concordo, mas anoto no meu livrete de defeitos. Um dia hei de abri-lo e rasgá-lo ao meio.