Dia de julgamento

É dia de julgamento. Ciente da delicadeza do caso, desloco-me nervoso até ao tribunal. Faço-me acompanhar do meu advogado, que me garante uma boa probabilidade de condenação.

Os senhores, Maria e Joaquim, encontram-se acusados de amar pouco, amar de forma distante, amar de forma violenta, perpetuar na sociedade a desconfiança e a descrença no amor. Após deliberação do júri, ficarão condenados a uma pena suspensa por negligência.

O advogado salta e agarra-me pelos colarinhos, extasiado, Maria e Joaquim choram perdidamente, e eu, para minha surpresa, verto por esta altura uma ou duas lágrimas, também.